sexta-feira, junho 16, 2006

No Barco do Capitão Gancho

Criado por Afonso Henriques, afunilado por Afonso Costa, passado a ferro por Vasco Gonçalves e redesenhado por Walt Disney Portugal é, hoje, Neverland, a Terra do Nunca.
Barrica e o Capitão Gancho - e outros corsários menores, mas não menos ávidos - rasteiram-se no Parlamento, abordam-se em Belém, insultam-se nos jornais, increpam-se nas televisões. Mas há dezenas de anos, por detrás deste cenário irascível, e no silêncio possível, dividem entre si o cada vez mais magro espólio dos sucessivos saques. Debruçada na amurada, caneca de rhum a balançar na mão, a tripulação canta, em coro, “oh Abreu, dá cá o meu…”.
Só que, entretanto, a barrica de rhum está a chegar ao fim, exaurida por uma tripulação de 750.000 marinheiros que dormitam no convés. Restará em breve, para matar a sede, a água do mar.
E Peter Pan? Virá também ele numa manhã de nevoeiro?

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