Entre nós, os accionistas não agem, os executivos não executam nem fazem executar, os governantes não governam, os juizes não julgam.Assim Portugal se transfigurou em Neverland.
Um extraterrestre brasileiro não entrou neste jogo do sistema. E as vestais do sistema insultaram e escarneceram. Apontaram o dedo e rasgaram as vestes. Antecipando os piores horrores ao hereje
E, agora, estão a engolir em seco.
O que eu tenho visto não é a derrota do México ou do Irão, da Holanda ou de Inglaterra. É a derrota de um sistema e de um espírito que nos está a levar à bancarrota. E a vitória de um conjunto heteróclito de jogadores transformado numa equipa por um homem que lhes insuflou uma alma porque esse homem age, executa, governa e julga. Porque escolhe e assume as responsabilidades das suas escolhas. Porque tem um desígnio e um método para o atingir. Porque esse homem é Alguém e não apenas mais um molusco alimentado-se do casco de um navio naufragado.
Devemos agradecer a Luís Filipe Scolari também o termos chegado onde chegamos neste campeonato do mundo. Mas, principalmente, há que agradecer-lhe ter mostrado aos portugueses o caminho a seguir para que Portugal regresse a si próprio.
